terça-feira, 27 de janeiro de 2015

SEX DRIVE - RUMO AO SEXO

NOTA 3,0

Reciclando uma velha fórmula
para cativar adolescentes, longa
não traz grandes novidades, apelando
para situações e vocabulário chulos
Por que os desgastados filmes de seriais killers ainda são feitos e estão até ganhando refilmagens? A resposta é simples: o público está sempre se renovando, assim não há de faltar plateia imune a previsibilidade destas fitas ou buscando uma desculpa para dar aquele abraço apertado na paquerinha nos momentos de sustos. O mesmo pensamento deve influenciar as decisões de produtores que ainda investem dinheiro nas comédias adolescentes com pegada erótica. Sempre tem gente nova para rir de babaquices ou se animar com nudez gratuita a ponto de... Bem, deixa pra lá. Visando atender aos anseios das plateias teoricamente virgens e levemente inocentes, O Clube dos Cafajestes, Porky’s e American Pie cumpriram seus objetivos e tornaram-se boas lembranças para suas respectivas gerações, tudo que almejava e não conquistou Sex Drive – Rumo ao Sexo. A intenção de produções do tipo geralmente é dialogar com os jovens e procurar retratar o mais próximo possível seu universo, tendo como alicerce os tabus acerca da perda da virgindade. Os caras metem os pés pelas mãos na ansiedade de perderem tal rótulo até que finalmente são desencantados de preferência com a ajuda de uma garota que se não for a mulher da sua vida ao menos será lembrada como uma boa lembrança. Já no caso da produção em questão, o diretor Sean Anders pesou a mão e recheou a fita com palavrões, nudez e consumo de entorpecentes além do necessário, assim tornando-se até uma ofensa para seu público-alvo. O fracasso do filme demonstra que realmente não houve identificação entre as partes. Roteirizado por John Morris e pelo próprio Anders, a trama gira em torno do ingênuo e desengonçado Ian (Josh Zuckerman), um adolescente que vê a possibilidade de realizar seu desejo de perder a virgindade quando conhece uma bela garota pela internet. Mesmo mentido sobre seu perfil, hobbies e cotidiano, o jovem toma coragem e marca um encontro, porém, terá que viajar para outra cidade para conhecê-la. Assim, ele rouba o carrão de Rex (James Marsden), seu irmão mais velho, e cai na estrada na companhia dos amigos Lance (Clark Duke) e Felicia (Amanda Crew). Durante a viagem, obviamente, o trio enfrentará dificuldades e situações embaraçosas e não demorará muito para o verdadeiro dono do veículo sentir falta de seu xodó e querer a cabeça do irmão.

A premissa batida procura angariar público apostando no sucesso do habitué perdedor. Ian é o arquétipo do famoso “loser”, expressão que rotula os desacreditados. O protagonista trabalha em um quiosque de shopping vendendo rosquinhas, ocupação digna, mas que não ajuda em nada a bombar sua popularidade e consequentemente ele não é assediado pelas garotas que lhe interessam. Como toda regra tem uma exceção, o jovem é o melhor amigo do mulherengo Lance que por sua vez também quebra um estereótipo já que é considerado um nerd. A aproximação do pegador, no entanto, não beneficia Ian na conquista das mulheres. Dispensando as periguetes que lhe dão mole, ele quer ter o prazer de atrair a atenção de uma garota que não se interessaria facilmente por seu estilo perdedor, mas acaba caindo em contradição ao ficar obcecado pela ideia de conquistar a tal garota da internet. O problema é que no bate-papo virtual ele assumiu um personagem, um cara atlético e descolado, e agora teria que convencer sua paquera a ir para a cama com ele, afinal seu interesse é unicamente sexual. Perceberam os furos? Ian não é um coitadinho apesar da cara de cachorrinho que caiu do caminhão de mudanças. Ele tem muitas oportunidades de deixar de ser virgem e com belas mulheres, no entanto, na hora H se faz de rogado e quer fazer a pose de príncipe encantado, que só vai se entregar ao grande amor de sua vida. Por outro lado, não se importa de viajar quilômetros com o carro alheio e se expor a possíveis problemas durante o percurso só para conseguir um sexo casual com uma bela mulher que assim como ele também pode ter construído um personagem para atrair um ingênuo. Mais contraditório ainda é fazer uma viagem para fins de promiscuidade levando a tiracolo a sua verdadeira paixão. Sim, ele nutre uma paixão secreta por Felicia e é óbvio que só depois de muitos vexames e frustrações esse romance vai desencantar. Até isso acontecer rola um grande festival de palavras e situações chulas, incluindo adultério involuntário, assédio homossexual, trapaças, perseguições e nudez. As piadas de mau gosto e os recursos escatológicos são servidos aos montes, assim a vulgaridade e a idiotice tornam-se as marcas registradas desta produção que se limita apenas a copiar uma duvidosa receita consagrada, repetindo erros e acentuando o que já era ruim.

A única diferença em relação aos vários filmes antecedentes que também abordavam a ânsia exagerada pela perda da virgindade é que Sex Drive – Rumo ao Sexo insere a internet no contexto, talvez a única coisa sensata da produção. Para os adolescentes pode ser apenas seu universo retratado, mas para pais e responsáveis que possam por ventura ter paciência de encarar esse programão o longa pode sem querer fazer um alerta sobre os perigos dos bate-papos, a ilusão criada por conversas com pessoas que podem fingir a vontade escondendo-se atrás de fotos mentirosas e diálogos forjados. Os perigos que podem surgir de um encontro marcado às escuras podem ser fatais, mas como se trata de uma comédia os problemas do protagonista são puro besteirol. Ganhando contornos de road movie, o trio de jovens viajantes a cada parada se envolve em confusões e conhecem os tipos mais estranhos, como Ezekiel (Seth Green), um representante da comunidade dos amish, grupo cujos costumes não são bem compreendidos e isso ajuda a criar naturalmente situações embaraçosas, principalmente quando o rapaz recluso se sente a vontade com os adolescentes para comentar suas perversões sexuais. Diga-se passagem, Ezekiel é o perfil mais complexo da trama. De motoristas desequilibrados a noviças assanhadas, são as participações rápidas dos coadjuvantes que ajudam a produção a ser um pouquinho tolerável. Embora Marsden seja o ator mais conhecido do elenco, sua participação também é pequena, mas surpreende demonstrando versatilidade na pele de um cara violento e declaradamente homofóbico. Pouco lhe importa os perigos que o irmão poderia correr durante a viagem ao sexo, o que ele quer é seu valioso carro de volta e intacto. Zuckerman também se sai bem com sua cara de reprimido, transmitindo com veracidade a inocência e ansiedade do protagonista que forma uma dupla divertida com Duke que convence que mesmo não sendo lá muito atraente fisicamente consegue conquistar a mulherada com sua lábia. Pontuado por um bom momento aqui e outro acolá, de qualquer forma o espectador diante do conjunto bizarro deve se sentir com vergonha de si mesmo no final por conta da decisão de ter feito pé firme e seguir até os créditos finais surgiram. O trailer da produção causa bem mais risadas e boa impressão que o longa em si, mas não se pode deixar de frisar que o título nacional é de doer. Apesar de coerente com o conteúdo, a alcunha não pega muito bem. Explícito demais, a debandada de público já era pré-anunciada.

Comédia - 105 min - 2008

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