NOTA 7,0 Longa faz paródia de conto clássico colocando a Rainha Má como personagem principal |
Todavia, os planos da rainha vão por água abaixo quando ela descobre que Andrew está apaixonado por sua enteada. Para tirá-la do caminho, ela ordena que Brighton (Natan Lane), um de seus mais fiéis e pegajosos súditos, dê cabo da vida de Branca de Neve. Porém, o rapaz é muito agradecido ao antigo rei e decide poupar a princesa. A garota então foge para a floresta e se une ao bando de anão-ladrões que na verdade formam um grupo de revoltados que rouba dos ricos para dar aos pobres. Já que a ideia é brincar com várias referências, é claro que citações a problemas contemporâneos não faltam. Os roteiristas, por exemplo, adicionaram uma sequência em que a rainha exige impostos mais caros do povo simplesmente para realizar o capricho de oferecer uma festa ao príncipe. Os cidadãos comuns, por sua vez, se organizam para lutar contra os abusos do governo. De qualquer forma ninguém deve esperar que esta comédia seja algo na linha “escracho sem noção” de Deu a Louca em Hollywood ou sátira inteligente no estilo Shrek. A reinvenção do conto da Branca de Neve no geral é inocente e previsível, o que explica a sua fraca repercussão nas bilheterias, críticas e no boca-a-boca do povo. Esperava-se mais desta produção que poderia ser a pedra no sapato de Branca de Neve e o Caçador, o segundo filme do ano a beber na fonte do famoso conto de fadas e estrelado por Kristen Stewart (que também não causou o frisson que prometia). Falando em elenco, a Branca de Neve de Lily Collins não é das princesas mais cativantes que o cinema já nos apresentou. A ideia do longa seria mesmo inverter as ordens das coisas e deixar a jovem em segundo plano e trazer a madrasta para o centro das atenções, mas a certa altura, como não poderia deixar de ser, a heroína é requisitada para ocupar o posto principal mesmo sendo tarde demais para ela conquistar a simpatia do espectador.
Julia Roberts rouba a cena em papel atípico em seu currículo
e que certamente a coloca em contato com uma nova geração de fãs que manterão
seu nome em evidência no futuro. Outrora queridinha de Hollywood, a atriz há
anos não tem um grande papel e se aqui não encontra algo nesse patamar, no
mínimo ela consegue provar que não está amarrada a um ou dois tipos de
personagens. Deixando o semblante de moça boazinha e romântica de lado, ela
exala vitalidade como uma rainha excêntrica e capaz de verdadeiras loucuras,
ainda que algumas situações sejam um tanto forçadas como se submeter a um
tratamento estético bizarro. Seu bom desempenho e, obviamente, sua fama
acabaram tornando-se o carro-chefe da campanha de marketing do longa. Realmente
realizar mudanças em contos clássicos cada vez mais se torna uma opção de
risco. Tudo que hoje possa ser criado pode parecer ultrapassado ou ter povoado
a mente de qualquer criancinha, lembrando que há poucos anos também foi lançada
a animação Deu a Louca na Branca de Neve. É certo que este trabalho de
Singh acabou sendo avaliado por boa parte da crítica como uma diversão
inofensiva, aquele típico produto a ser figurinha fácil nos repetecos da TV
futuramente. Já outros não pouparam farpas contra o diretor, principalmente
pela adoção do estilo kitsch para o visual da produção, mas se esqueceram de
ressaltar que ele soube respeitar os próprios limites de sua criação. Talvez as
especulações da imprensa e dos cinéfilos ligados nas redes sociais tenham dado
à Espelho, Espelho Meu uma dimensão muito maior do que o projeto
era desde o início e assim a decepção é inevitável. De qualquer forma, para
quem quer um momento de relax é uma ótima pedida. Ah, preste atenção nos
créditos finais. Além de mostrar os desfechos dos anões fora-da-lei, também há
um número musical na melhor tradição de Bollywood (como é chamada a indústria
de cinema indiana).
Comédia - 106 min - 2012
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