domingo, 11 de setembro de 2016

JOVENS BRUXAS

Nota 3,0 Sucesso juvenil dos anos 90, suspense envelheceu e hoje deixa claro suas fragilidades

Tem muitos filmes juvenis que viraram ícones dos anos de 1980, mas se pararmos para analisar bem eles não tem nada de muito especial em suas histórias e acabaram se tornando uma forçosa lembrança para aqueles que foram obrigados a ver e rever tais produções a tarde na TV. Contudo, a batida das canções da época, o estilo de se vestir extravagante ou largadão, os cortes de cabelos exóticos e até o som abafado e as imagens ligeiramente desbotadas dão um charme irresistível a tais produções. É natural que pessoas na casa dos 30 ou 40 anos lembrem com saudades de um tempo em que suas maiores preocupações eram fazer a lição de casa o mais rápido possível para poder curtir uma sessão da tarde, melhor ainda se com os amigos a tiracolo. Agora também já podemos ter esse gostinho nostálgico revendo fitas lançadas na década de 1990 como Jovens Bruxas. Lançando luz sobre os adeptos da moda gótica e apresentando o tema paganismo à chamada geração MTV (como ficaram conhecidas as turmas que foram influenciadas pelo conteúdo liberal do canal), o suspense resgatava uma temática em desuso e já preparava terreno para a atriz Neve Campbell virar queridinha dos adolescentes, sendo que no mesmo ano viria a estrelar Pânico. Contudo, ela não é a protagonista. A trama gira em torno da personagem Sarah defendida inicialmente sem muito vigor por Robin Tunney. Desde sempre carregando o fardo de ter perdido a mãe em seu parto, ela tenta suicídio na adolescência e seu pai e a madrasta decidem levá-la para morar em Los Angeles, onde poderia viver sem tristes lembranças. No novo colégio ela já sente o peso de ser retraída virando alvo de comentários maldosos alimentados por Chris (Skeet Ulrich), o típico pegador e esportista por quem as meninas seriam capazes de tudo para passarem uma noite junto. No entanto, Sarah se recusa a transar e o rapaz espalha que eles de fato ficaram, mas ele se arrependeu porque ela é péssima de cama. Parece um boato tolo, mas na juventude uma intriga do tipo soa como o apocalipse, coisas dos tempos da puberdade.

Sarah acaba sendo acolhida por um grupo de garotas ditas como rejeitadas e vítimas e bullying na escola (lembrando que na época não se usava tal nome, era zoação e pronto). Bonnie (Campbell) é uma jovem que se acha feia e ridicularizada por conta de algumas cicatrizes; Nancy (Fairuza Balk) é uma gótica que destila veneno com seus comentários cheios de malícia e sinceridade extrema; e, por fim, Rochelle (Rachel True) é vítima de preconceito racial. O trio estava justamente procurando uma quarta garota que sofresse algum tipo de rejeição para fechar uma irmandade para um ritual de evocação a uma divindade primitiva que poderia lhes conceder poderes especiais para solucionar seus problemas sociais. Contudo, o dom acaba seduzindo-as a ponto de perderem a noção dos limites em usá-lo, assim tudo o que fazem volta para elas três vezes mais forte e de forma negativa. Dirigido e escrito por Andrew Fleming, que viria a se especializar em comédias juvenis, a fita mantém as garotas no centro das atenções após o sucesso de As Patricinhas de Beverly Hills, descartando o foco de temáticas sexuais sob a ótica masculina que dominavam as fitas juvenis de alguns anos antes (perde-se as contas de quantas produções a respeito de rapazes desesperados para perder a virgindade foram lançadas até então). Pena que um bom gancho como dos problemas de Rochelle com a implicância de Laura (Christine Taylor), por exemplo, não seja explorado a fundo, já que o foco da metade para o final fica em cima da disputa entre Sarah, que deseja reverter a magia que despertaram e que tanto mal trazia, e uma das outras bruxinhas que revela-se uma psicopata. Esse é o único segredo da trama, o resto é super previsível para não queimar os neurônios do público-alvo. Claramente envelhecido e revelando suas fragilidades desde os créditos iniciais, Jovens Bruxas pode não ter o poder de encantar novas plateias em tempos em que Harry Potter elevou as histórias de magia a um patamar estarrecedor, mas ainda pode interessar as pré-adolescentes e aos nostálgicos de carteirinha.

Suspense - 101 min - 1996

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