domingo, 3 de abril de 2016

30 DIAS PARA O AMOR

Nota 1,0 Longa aborda a realização do sonho da fama repentina com todos os clichês possíveis

O acervo da “Sessão da Tarde” e também dos canais pagos, principalmente o da Disney que exibe suas próprias produções feitas exclusivamente para a TV, estão lotados de filmes água-com-açúcar que mostram garotas sonhadoras que da noite para o dia se tornam estrelas pop e de quebra conquistam seu príncipe encantado. Essa fórmula de sucesso é pré-histórica e já serviu para lançar muitas meninas que instantaneamente passaram a ser idolatradas por crianças e jovens, como Hilary Duff que aproveitava as oportunidades de atuar para também divulgar sua carreira como cantora. Com o fenômeno High School Musical a trinca adolescentes, música e filmes foi intensificada e mais e mais produções surgiram seguindo esse filão, porém, com raríssimas exceções, eles são apenas passatempos bobinhos para matar o tempo como é o caso de 30 Dias Para o Amor. Cole Thompson (Sean Patrick Flanery) é um caçador de talentos que tem exatos 30 dias para descobrir uma nova estrela da música pop-latina para apresentá-la em um festival e assim conseguir sua tão sonhada promoção na agência. Após uma definitiva reunião com seu chefe, é na recepção da própria empresa em que trabalha que o rapaz encontra por acaso a garota perfeita. Ou quase isso. Maggie Moreno (Camille Guaty) é uma desengonçada entregadora de encomendas que sonha em um dia ser uma diva da música e por isso não demora a aceitar a proposta do rapaz. Com um rostinho bonito e um corpo delgado, o resto dá-se um jeito. Ela se muda para a casa de Thompson para não perder um único minuto de todo o processo de preparação de uma jovem comum à estrela, mas conforme o tempo passa ambos percebem que os interesses de um pelo outro não são apenas profissionais, tudo como manda a cartilha do gênero. Porém, até a data de lançamento desta cantora muita coisa pode acontecer, mas alguém dúvida que nasce uma estrela? Investindo no clichê da latina que desponta no mundo da música, o roteiro de Laura Angelica Simon sofre de uma crise de originalidade e inteligência do início ao fim, resumindo-se a uma colcha de retalhos.

Este preguiçoso trabalho da diretora Gabriela Tagliavini já demonstrava sua falta de sensibilidade atrás das câmeras e seu apreço pelo estilo kitsch, isso algum tempo antes de lançar Cadê os Homens?, uma tremenda atrocidade com a arte de fazer cinema. Pelo menos com 30 Dias Para o Amor ela não ofende tanto a inteligência do espectador (entenda-se garotas educadas pelo Disney Channel e afins). Anos-luz de distância de realizar uma comédia romântica marcante, a cineasta apenas prepara um tradicional prato feito carregado no açúcar e com toques de uma pimenta que não arde nem um pouco. Seria ingenuidade demais acreditarmos que um rapaz que almeja um cargo de responsabilidade e astúcia em uma agência de celebridades acreditaria no potencial de uma jovem bonita, porém, estabanada e que ele nem ao menos ouviu cantar um só verso musical. Ou seria uma crítica implícita sobre como a beleza pode se sobrepor ao talento? Não, pelo andar da carruagem tal pensamento não chegou a ser cogitado. É quase como um conto de fadas este enredo. Além de o produtor achar sua musa logo após uma reunião na qual recebeu um ultimato do chefe, coincidentemente ser uma cantora é o maior sonho dela. Para tanto, a moça também tem uma espécie de fada-madrinha para lhe dar um banho de loja e de etiqueta, além é claro de aulas de canto. Rapidamente ela está pronta para ser lançada como uma mistura pobre de Beyoncé e Shakira, mas obviamente ela tem uma petulante rival a enfrentar. Quem vai ganhar essa parada? Além de toda a previsibilidade do roteiro repleto de situações forçadas e diálogos mal construídos, ainda temos que aguentar personagens que são puros arquétipos e uma estética visual vibrante além da conta. Isso sem falar na agitada e irritante trilha sonora que exagera na dose de latinidade. Com todo esse material de primeira não é de se estranhar que o filme é bem curto, assim não sendo uma opção tão torturante caso você seja obrigado a assistir com amigos ou com a namorada. Tão rápido quanto sua duração só mesmo o tempo que você levará para esquecê-lo.

Comédia romântica - 86 min - 2004 

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