domingo, 6 de março de 2016

MAX E COMPANHIA

Nota 6,0 Animação tem trama madura e com elementos diferentes, mas peca pelo ritmo irregular

Já faz tempo que desenho animado não é mais coisa só para crianças, mas é curioso ver como algumas técnicas antigas de animação hoje em dia só sobrevivem mirando no público adulto. Max e Companhia é um bom exemplo disso. Seus personagens do bem são simpáticos e fofinhos e seus vilões medonhos, mas não se engane pelo aspecto simplório desta produção feita em stop-motion (animação com massinhas). Embora o público infantil, tendo boa vontade, possa se encantar com seu visual, seu conteúdo na realidade é repleto de ironias e críticas e deve ser mais bem compreendido por platéias com mais idade e esclarecidas. Produzido entre Estados Unidos, Bélgica, Suíça e a França, a trama gira em torno de Max, um adolescente que está em busca de seu pai que jamais conheceu, o outrora famoso músico Johnny Bigoude. A caminho da cidade de Saint-Hilare, o garoto pega carona com Sam, um artista decadente que parece levar uma vida sem preocupações com o futuro, importando apenas o presente. Quando chega ao seu destino, Max é acolhido pela Madame Doudou, uma simpática professora aposentada que lhe consegue um emprego na fábrica de um de seus ex-alunos, o bon-vivant Rodolfo. Esse cara adora aproveitar tudo o que a vida tem de melhor a lhe oferecer e não soube cuidar do patrimônio que recebeu de herança de um finado tio e agora a fábrica de mata-moscas Bzzz&Co está correndo o risco de encerrar suas atividades. Os acionistas então decidem nomear um ambicioso e intratável novo administrador, o excêntrico Martin, um cientista que acredita que as poucas moscas que restaram na região aprenderam a se esquivar dos efeitos nocivos dos inseticidas da empresa e assim decide fazer experimentos para criar novas subespécies resistentes ao veneno e assim impulsionar novamente as vendas dos produtos. O problema é que sua ganância o cega e ele não pensa nos efeitos negativos de tal ação.

Além do trambique envolvendo a criação de uma nova super espécie de moscas, a história criada pelos irmãos Samuel e Frédéric Guillaume, ou simplesmente Sam e Fred, em parceria com Felicie Haymoz, traz outras boas ideias. Max ganha um subemprego na fábrica, mas é contratado para substituir todo um grupo de funcionários que foi demitido. Muitos outros foram mandados embora para cortes de despesas, mas quando a população se revolta ao descobrir o golpe dos insetos mutantes Rodolfo surge com a desculpa de que tudo aquilo era necessário para assegurar a saúde da empresa que seria a única grande fonte de renda da região, uma maneira de praticar suborno oferecendo a recontratação dos empregados demitidos. Problemas do mundo real transferidos a um desenho animado que ainda guarda algumas ousadias nos diálogos e em detalhes visuais, como no grupo de acompanhantes femininas que cercam o dono da fábrica, a sensualidade implícita na personagem Cathy, a garota-propaganda dos inseticidas, e até mesmo na coragem de colocar a bondosa Doudou como vítima fatal do grupo de insetos modificados. A premissa realmente é genial, mas infelizmente a condução da narrativa, embora enxuta, pode se tornar enfadonha se não captar a atenção do espectador logo nos seus primeiros minutos. Não há gags visuais ou diálogos e personagens explicitamente engraçados, tampouco musiquinhas bonitinhas, assim o filme apóia-se em momentos isolados de boas sacadas. Com direção geral de Emmanuel Salinger e Christine Dory, Max e Companhia não é de forma alguma um produto ruim, pelo contrário, mas sua embalagem diferenciada pode enganar muita gente, mas ainda bem que agrada em cheio ao público que curte um cinema diferenciado, ainda mais quando se trata do campo das animações que hoje é dominado pela arte computadorizada da Pixar e tantas outras produtoras que seguem fórmulas idênticas. Vendido com um produto dos mesmos criadores (apenas alguns, não toda a equipe) de A Fuga das Galinhas e Toy Story, este desenho guarda a inteligência e a beleza visual de ambos, guardada as devidas proporções, mas infelizmente fica devendo em agilidade similar. De qualquer forma vale uma conferida descompromissada.

Animação - 75 min - 2007

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