sábado, 25 de março de 2017

VIDAS CRUZADAS (2007)

Nota 3,0 Com histórias dramáticas que se ligam à protagonista, longa não chega a lugar algum

Os filmes que trabalham com várias tramas paralelas apresentadas por diversos personagens antigamente eram sinônimos de cinema alternativo, produções que geralmente terminavam sem uma conclusão arrebatadora, mas trazia a tona muitas situações para o espectador refletir após o término. Obviamente eram obras feitas para um público mais seleto e acostumado a imaginar o destino dos personagens, o chamado final em aberto, mas o modelo começou a ganhar espaço em premiações populares, consequentemente invadiu os cinemas de shoppings e produções do tipo ficaram mais fáceis de serem encontradas em locadoras. O resultado é que de obras singulares tal estilo narrativo acabou sendo usado em demasia e na maioria das vezes utilizado de forma incorreta como é o caso do insosso Vidas Cruzadas. A história criada por Nat Moss gira em torno de Rose Phipps (Heather Graham) uma jovem oftalmologista que ainda vive a dor da perda de seu pequeno filho que não chegou a completar dois anos de idade. Por não saberem lidar com a situação, a médica e o marido Mark (Billy Baldwin) acabaram se separando, mas ainda procuram manter uma relação amistosa. Certa noite em que saem juntos, eles são fotografados de longe sem perceberem. Simon Colon (Victor Rasuk) é um adolescente que trabalha em uma loja de revelações e venda de equipamentos fotográficos e rotineiramente consegue emprestada uma máquina para poder exercitar seu hobby. Ele costuma fotografar pessoas e paisagens aleatoriamente até o dia em que Rose cruza a lente de sua câmera e ele fica obcecado pela imagem desta mulher linda, mas aparentemente triste. Ele passa a segui-la sempre munido de sua máquina, mas esse hábito preocupa sua mãe, Marta (Marlene Forte), que não gosta que seu filho seja tão solitário. Quem também vive sozinho é o Sr. Tommaso Pensara (Dominic Chianese), paciente de Rose que descobriu tardiamente uma doença que pode cegá-lo em menos de dois meses.

A premissa do longa dirigido por Alfredo de Villa é interessante e segue o conhecido jogo de ligue os pontos do cinema. A personagem principal é Rose e ela é a responsável por fazer a ligação das subtramas, mas infelizmente parece que elas não saem do lugar ou em geral são mal desenvolvidas. Com o batido recurso do flashback, Villa tenta nos convencer da dor que ainda atormenta a médica que não se conforma com a perda do filho, mas qualquer compaixão se esvai quando a vemos em uma cena de sexo se comportando como uma pervertida buscando a punição por achar que não foi uma boa mãe. Falando nisso, ela consegue levar para a cama o tímido Simon que nitidamente tem problemas ligados a sexualidade, talvez até o chamado complexo de Édipo, visto que ele se imagina tendo uma relação com a própria mãe. São pequenos detalhes que acabam arruinando o filme simplesmente por serem jogados na tela, sem aprofundamentos. O ex-marido também poderia ser mais bem aproveitado. Como aparentemente deseja voltar com Rose, mas luta contra os próprios sentimentos, uma discussão por ciúmes do envolvimento dela com o adolescente viria a calhar, embora fosse uma situação pra lá de clichê. Nem mesmo as diferenças de Mark com a irmã Claire (Erika Michells), com quem divide um apartamento, fazem o personagem crescer na trama pelo mesmo erro de falta de aprofundamento nesta relação conturbada. Por fim, Vidas Cruzadas só vale uma espiada pela trama de Tommaso, de longe a mais bem desenvolvida e emocionante. Entregador de correspondências em um escritório há anos, ele precisa de pouco para ser feliz, mas a cegueira pode lhe tirar um de seus maiores prazeres, a dedicação às artes plásticas, mas por outro lado pode fazer seu coração enxergar um novo amor por alguém próximo a ele.

Drama - 91 min - 2007 

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