domingo, 25 de fevereiro de 2018

DEU A LOUCA NOS BICHOS

Nota 2,0 Com piadas velhas e humor pastelão, Brendar Fraser leva comédia nas costas

Se autoridades que deveriam zelar pela justiça não fazem sua parte o jeito é buscar soluções com as próprias mãos. Se tal regra popular criou raízes entre os humanos por que não também entre os animais? Esse é o mote da comédia infantil Deu a Louca nos Bichos que pode ser vista como um retrocesso na carreira de Brendan Fraser, alçado a posição de astro com a ação A Múmia e tendo seu talento reconhecido em produções mais sérias como Crash – No Limite. Demonstrando ser espirituoso, aqui ele vive Dan Sanders, um empreiteiro que se muda com a família para uma região campestre com a desculpa de que teriam uma qualidade de vida melhor em meio a natureza, mas na verdade ele só queria ficar próximo de seu novo trabalho: a construção de um grande complexo imobiliário. Mais cedo ou mais tarde o projeto iria acabar com a vegetação e consequentemente desabrigar os animais, embora ironicamente a ideia seria vender casas ecologicamente corretas. Antes que grupos pró-ambientalistas se mobilizassem contra, a própria bicharada se organiza. Ao primeiro sinal de que seriam expulsos do local guaxinins, esquilos, coelhos, pássaros e companhia bela passaram a arquitetar um contra-ataque e o pobre Sanders acaba sendo usado como bode expiatório. E o enredo se concentra nisso. O rapaz sendo sucessivamente achincalhado pelas “ferinhas”. Ele perde suas roupas, cai e escorrega a torto e a direito, perde o controle do carro várias vezes, vai parar dentro de uma latrina e até chega a ocupar o divã de um psicólogo, embora no fundo tenha certeza de que está sendo perseguido pelos bichanos. A trama é tão inocente que até as criancinhas devem prever tudo o que vai acontecer, menos o protagonista bobalhão. Não há uma única piada original, ainda que mereça destaque o fato de que os animais fofinhos neste caso não falam, apenas emitem seus característicos sons o que injeta uma bem-vinda dose de realismo ao circo anunciado, mas não a ponto de evitar que o diretor Roger Kumble caia em clichês como colocar a bicharada para dançar famosos hits ou enternecerem com carinha de inocentes quando na verdade estão planejando algum golpe.

O roteiro de Michael Carnes e Josh Gilbert (duas cabeças para pensar em algo tão simplório?) aposta na mesma linha do trabalho anterior da dupla, a comédia Em Pé de Guerra. Humor pastelão e com piadas com cheiro de naftalina marcam a trama que desperdiça o talento de Fraser. Seu porte físico protuberante, ainda que não em forma como nos tempos que caçava múmias, claramente foi o fator principal para sua escolha. Um cara boa pinta, grandalhão e com pose de bem-sucedido de uma hora para a outra levando rasteira atrás de rasteira de criaturinhas fofinhas, um papel que qualquer iniciante bem apessoado poderia interpretar. A presença de Brooke Shields, eternamente lembrada pelo clássico A Lagoa Azul, após anos de hiato do cinema também não acrescenta nada a não ser a curiosidade em ver se o tempo foi generoso com a moça. Ela interpreta Tammy, a esposa de Sanders, mas assim como Tyler (Matt Prokop), o filho “aborrecente” do casal, tem sua participação creditada apenas para encher linguiça, ou melhor, no caso para colorir pinhas ao lado de uma velha esclerosada, enfeites que decorariam um evento ambiental que é marca registrada da cidade e claro que também servirá como palco do clímax do filme. Já é de se esperar aquela lambança com muita sujeira, correria e piadas visuais manjadas entrecortadas por falas estúpidas, tudo muito centrado no verdadeiro vilão da história, Neal Lyman, um oriental atrapalhado e cabeça-de-vento cujo intérprete Ken Jeong, de Se Beber Não Case, tenta forçosamente arrancar risadas do espectador, mas bastava sua cara de paspalho sem dizer uma palavra sequer. Se não bastassem os clichês, Deu a Louca nos Bichos ainda repete exaustivamente as piadas, como gambás lançando gases mau cheirosos a todo momento, e escancara sua mensagem de que aqueles que só visam lucros e não pensam nos outros (no caso a natureza) devem ser punidos. Mais simples impossível, porém, talvez subestimando até mesmo a inteligência de seu público-alvo. E olha que Kumble é o diretor do polêmico Segundas Intenções. Retrocesso na carreira! Brendan e o diretor podem se dar as mãos.

Comédia - 92 min - 2010 

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