domingo, 4 de janeiro de 2015

UM AMOR PARA RECORDAR

 Nota 7,5 Previsível e maniqueísta, romance caiu no gosto popular e é amado pelas adolescentes

Quando os cinemas multiplex surgiram vendia-se o benefício do poder de escolha dado ao cliente afinal em um mesmo shopping ao invés de dois ou três filmes em cartaz era possível encontrar de dez a quinze opções diferentes. Não demorou muito para a cobiça corromper tal ideia e os blockbusters passarem a ocupar até metade destes complexos de exibição. E quem deseja ver um filme de menos destaque? Para tanto é preciso garimpar endereços e horários em cinema alternativos e é nessas horas que pinta a saudade das videolocadoras. Além da variedade de títulos, tais estabelecimentos traziam a vantagem do atendimento personalizado e da troca de experiência direta com outros clientes, assim muitos filmes com passagem relâmpago ou que sequer chegaram a ser exibidos nos cinemas conquistaram fama. Foi na base da propaganda boca-a boca que o romance Um Amor Para Recordar tornou-se um moderno clássico, pelo menos essa é a opinião de boa parte do público juvenil, o grande alvo da fita. A trama escrita por Karen Janszen se sustenta sobre a manjada premissa do jovem rebelde que imediatamente muda de vida e comportamento ao se apaixonar por uma garota exemplar, mas nada popular no colégio. Landon Carter (Shane West) é um rapaz irresponsável e impulsivo que acabou sendo punido na escola por fazer uma brincadeira de mau gosto com um colega que quase ficou paraplégico. Como punição, porém, com finalidade socioeducativa, ele é obrigado a participar da montagem de uma peça teatral, algo que queimaria o filme de qualquer moleque metido a bad boy. Todavia, durante os ensaios, ele faz amizade com Jamie Sullivan (Mandy Moore), a filha do pastor da cidade, uma moça conservadora e exemplar em suas atitudes e talvez por isso um tipinho nada popular ou atraente.

É óbvio que a convivência forçada vai transformar a amizade em amor e mais certo ainda que Carter vai mudar da água para o vinho num piscar de olhos. Jamie inicialmente tenta escapar do assédio do rapaz, mas acaba cedendo deixando de lado a promessa que fizera de não dar maiores liberdade ao ex-rebelde. Por que o medo de amar? Para quem já é escolado no gênero certamente não há surpresas quanto ao caminhar da história, ainda mais para quem já assistiu Seu Amor, Meu Destino. As duas produções tem argumentos praticamente idênticos baseados na máxima de que os opostos se atraem e que o amor pode transformar as pessoas. Como no cinemão comercial pouco se cria e praticamente tudo se copia, Um Amor Para Recordar vai além e até recicla os cenários do seriado “Dawson’s Creek”, uma febre entre os jovens da época. Tudo parece ter sido meticulosamente pensado para fisgar o público teen, mas surpreendentemente a produção caiu no gosto de todas as idades, em especial as mulheres. O diretor Adam Shankman, que antes havia dirigido o fraquinho O Casamento dos Meus Sonhos, talvez nem soubesse que estava adaptando para as telonas o livro de um autor que viria a se tornar uma grife de sucesso. Nicholas Sparks, também co-autor do roteiro, ficou famoso com seus livros que narram belas histórias de amor que acabam sendo ameaçadas por imprevistos ou doenças. Até então apenas uma de suas obras havia sido adaptada para o cinema, Uma Carta de Amor, mas hoje todas as suas histórias ultrapassaram as barreiras literárias, sendo as mais bem repercutidas Diário de Uma Paixão, Querido John e A Última Música. Já se discute o maniqueísmo e previsibilidade de seus escritos, mas qual o problema em sonhar com o casamento perfeito ou a respeito da transformação de um ogro em príncipe encantado? E olha que mesmo com todo o açúcar de suas tramas Sparks ainda faz questão de manter um pé na (triste) realidade e deixa sempre claro que amar implica em doação, transformação e mais cedo ou mais tarde momentos de dor ou sacrifício são inevitáveis.

Romance - 100 min - 2002 

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