sábado, 8 de julho de 2017

ENCONTRO COM A MORTE

Nota 4,5 Suspense com poucos recursos é da safra de filmes B, mas capricha na tensão

Sentir medo de uma ou mais coisas é algo normal e não deve ser encarado como uma deficiência do ser humano. É comum e até certo ponto sadio ter receio, mas quando as fobias começam a atrapalhar o cotidiano do indivíduo é preciso procurar auxílio, desde falar sobre o que lhe aflige com a própria família ou amigos ou até mesmo recorrer ao auxílio especializado de um psicólogo. O medo pode ser subdividido em infinitas categorias, inclusive pode englobar tarefas simples do dia-a-dia como o ato de dirigir um automóvel. O medo causado por um trauma, falta de incentivo ou até mesmo o excesso de prudência podem incutir no indivíduo a fobia de assumir o volante causando danos a sua vida pessoal e até mesmo profissional. É justamente esse o viés adotado pelo diretor Richard Brandes, também coautor do roteiro em parceria com Diane Doniol-Valcroze, para realizar o suspense Encontro com a Morte, ainda que utilize tal medo apenas como desculpa para um previsível thriller de serial killer. A trama gira em torno de duas mulheres que partem em uma viagem que poderá não ter volta. Depois que seus pais morreram em um violento acidente de carro, a jovem Penny Dearborn (Rachel Miner) passou a desenvolver uma intensa fobia de automóveis, a ponto de ficar em pânico até mesmo quando ocupa o banco do passageiro. Para curar sua fobia ela procura o auxílio de um tratamento psicológico e encontra uma corajosa médica que está determinada a acabar com as crises de medo da jovem sem o uso de remédios, mas sim apostando na teoria de que enfrentar o que lhe amedronta é a melhor solução.  A doutora Orianna Volker (Mimi Rogers) sugere que as duas façam juntas uma viagem de carro, mas o que era para ser um passeio tranquilo acaba virando um pesadelo quando a noite cai e a médica atropela um homem em uma estrada deserta. Para se redimir, a médica lhe oferece uma carona e assim começa um jogo perverso manipulado por um sádico assassino.

A produção é pouco conhecida, mas quem já a viu não exalta em rotulá-la como um filme B de péssimo nível. Bem, realmente as deficiências deste trabalho começam pelo seu pobre material publicitário e ficam ainda mais evidentes quando nos deparamos com as limitações de cenários e interpretações sem inspiração. Todavia, o diretor consegue criar um intenso clima de tensão desde o início do longa e não enrola muito para partir para o assunto principal do enredo. Brandes não se aprofunda no tema fobia, optando por instigar o espectador com sequências que exploram o terror psicológico, o medo do desconhecido em um ambiente extremamente claustrofóbico com direito a um cadáver ocupando o banco do motorista. O diretor consegue driblar suas limitações de forma razoável recorrendo a cenas clichês e sustos previsíveis, mas ao menos poupa o público de banhos de sangue dosando bem a quantidade de molho de tomate (talvez para poupar verba). É certo que a falta de dinheiro em caixa é um grande entrave para a realização de um filme, ainda que alguns cineastas consigam ultrapassar este obstáculo usando a criatividade. É justamente neste quesito que Encontro com a Morte derrapa feio. Até uma superprodução pode naufragar caso não tenha um bom roteiro e neste caso além do abuso de cenas previsíveis também há o problema dos diálogos bobos e o fato de não ser explicado o porquê do tal assassino matar as poucas pessoas que cruzam o seu caminho sem muito rodeio e com a protagonista Penny ele desperdiçar as várias chances que teria de matar a mocinha chatinha. A última cena também já podemos antever desde o primeiro minuto. Fica um gancho para uma possível continuação, o que felizmente não se concretizou. De qualquer forma, quem gosta de filmes que flertam com o terror e o suspense já costumam ter uma tendência a curtir produções estilo trash, portanto, esta dica acaba se tornando uma opção válida. Deixa o espectador vez ou outra roendo as unhas e ainda pode causar risos. Diversão sem compromisso algum com lógica e quem encara precisa desligar o senso crítico.

Suspense - 93 min - 2006

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