domingo, 3 de janeiro de 2016

SONHANDO ACORDADO (2007)

Nota 4,0 Apesar de ter um bom argumento, a felicidade nos sonhos, comédia deixa a desejar

O fascínio e os mistérios que envolvem os sonhos sempre foram uma das matérias-primas preferidas dos cineastas afinal de contas um dos principais objetivos da sétima arte é transportar o espectador por algumas horas para outra realidade para viverem emoções que talvez nunca viveriam na vida real. Nos últimos anos muitas produções adotaram a temática como elemento-chave para contar histórias que nem sempre são bem compreendidas, mas ainda assim Hollywood investe neste universo. O sonho substituindo a realidade ou o real invadindo o imaginário não são temas aplicados exclusivamente em produções infantis ou ficções, mas também encontram espaço em dramas, como Máscara da Ilusão, e nas comédias românticas como De Repente 30. Optando pelo viés da crise da meia-idade e dos delírios libidinosos, Sonhando Acordado é uma obra que procura abordar a temática por um ângulo diferente e conquistar um público mais maduro, entretanto, não costuma agradar com facilidade. A trama gira em torno de Gary Shaller (Martin Freeman), um compositor talentoso, porém, frustrado por ganhar dinheiro criando melodias para campanhas publicitárias. Ele não gosta de seu trabalho principalmente por não ter seus esforços reconhecidos a ponto de ser comparado a Paul (Simon Pegg), seu parceiro no passado em uma banda de rock e que hoje é um publicitário respeitado. Sua melancolia e depressão são crescentes também porque não recebe apoio de sua esposa, Dora (Gwyneth Paltrow), que lhe tece apenas críticas negativas. Sua vida só ganha um novo sentido quando ele conhece a bela e sedutora Anna (Penélope Cruz), uma mulher que reúne todas as características com as quais um homem pode sonhar. O problema é que literalmente ela é um sonho, assim Gary passa a procurar algum meio que o ajude a prolongar ao máximo este amor platônico e recebe a ajuda de Mel (Danny DeVito), uma espécie de guru.

A introdução é chamativa. Em tom de falso documentário algumas pessoas falam sobre as impressões que têm a respeito do protagonista, recurso que ainda é utilizado outras vezes ao longo da narrativa. Em seguida somos apresentados ao melancólico cotidiano de Gary e não demora muito para conhecermos a sua realidade paralela, a qual é habitada por uma mulher perfeita em todos os aspectos. Penélope Cruz parece repetir seu papel em Vanilla Sky, longa que também aborda o real versus o imaginário, mas em Sonhando Acordado esta relação é vista sob outro prisma. Esta personagem feminina é incumbida de levantar o moral do protagonista com frases de efeito e mensagens positivas nada implícitas. No geral, compreender este enredo não é difícil. Quem nunca trocou sua realidade cinzenta e sem graça por um sonho colorido onde realmente é feliz? É este escapismo o grande tema deste longa escrito e dirigido por Jake Paltrow, irmão de Gwyneth que, diga-se de passagem, conseguiu a proeza de atingir uma interpretação ainda mais insossa que de costume. Por não ter momentos de humor rasgados e ser vendido como um projeto alternativo pode ser que este trabalho passe despercebido, mas no fundo esta história tem como alicerce os pilares que fizeram o sucesso de nove a cada dez comédias românticas: a quebra e o retorno à ordem. O personagem insatisfeito imerge em outra realidade até chegar ao ápice da loucura que traz satisfação. A partir de então, à medida que o desejo por algo diminui naturalmente se volta à rotina e ao conformismo. Amor, dinheiro, uma viagem ou até mesmo um animal de estimação, são inúmeras as possibilidades escapistas que podem trazer algum conforto temporário. Tal tema é extremamente interessante e rico em possibilidades, mas a forma como o diretor conduziu sua narrativa foi das mais preguiçosas. Flertando entre o onírico e o crítico, faltam elementos chamativos para este trabalho fisgar a atenção do espectador. Todavia, na falta de coisa melhor para assistir, esta é uma opção curiosa e que pode ter alguma serventia a quem souber interpretar as mensagens do enredo. 

Comédia romântica - 93 min - 2007

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