domingo, 26 de novembro de 2017

RECÉM-FORMADA

Nota 2,0 Comédia romântica comete os grandes pecados do gênero: é sem graça e sem emoção

Existe algo pior que uma comédia romântica previsível? Para os detratores do gênero a resposta é sim, pois a lista de exemplos de produções do tipo que além de serem clichês não tem graça alguma e tampouco a trama romântica funciona é extensa. Esse é o caso de Recém-Formada, típico produto para preencher as tardes de ócio. Com roteiro de Kelly Fremon, a premissa já denuncia que não devemos esperar grande coisa da produção protagonizada por uma jovem adulta sonhadora. Ryden Malby (Alexis Bledel) não é mais uma colegial, pelo contrário, está se formando na faculdade e já tem planejado seu futuro (pelo menos os próximos meses). Vai conseguir um emprego em uma empresa respeitável, se mudar para um apartamento maravilhoso em uma agitada metrópole e se divertir o quanto pode com os amigos até que o homem da sua vida surja. Todos os seus sonhos começam a ruir quando uma colega da universidade, Jessica Bard (Catherine Reitman), consegue a vaga de trabalho que ela almejava e assim a jovem é obrigada a ficar morando com os pais, o teimoso Walter (Michael Keaton) e a despachada Carmella (Kelly Lynch), em sua pacata cidade natal. Sentindo que a cada dia a realização de seus desejos se torna mais distante e ainda tendo que aturar as excentricidades de sua avó Maureen (Carol Burnett) e as pentelhices do irmão caçula Hunter (Bobby Coleman), Ryden só consegue ter alguns poucos momentos de felicidade quando está acompanhada do seu melhor amigo Adam (Zach Gilford) ou do vizinho David (Rodrigo Santoro), pessoas que podem ajudá-la a traçar novos rumos para seu futuro. Bem nem é preciso dizer que o inseparável companheiro da moça é apaixonado por ela, esta que por sua vez não corresponde sua paixão preferindo investir no homem mais maduro e com pinta de galã latino. E mais uma vez nosso compatriota está fazendo uma ponta insignificante, mas de qualquer forma está inserido no cinema americano. Falando pouco, porém, marcando presença. O problema é que o longa é tão esquecível quanto a atuação tola de Santoro.

Com direção de Vicky Jenson, estreando como cineasta de um live action após colaborar na equipe de direção das animações Shrek e O Espanta Tubarões, é perceptível que ela é marinheira de primeira viagem, limitando-se a alinhavar uma porção de clichês, alguns mal inseridos, outros desnecessários, mas no fundo nenhuma situação que desperte algum tipo de emoção positiva ao espectador, salvo se você estiver vivendo o mesmo dilema da protagonista que após anos de muito estudo se vê obrigada a trabalhar em empregos menores e sacrificantes, como vender bolsas e acessórios para dondocas na loja do pai. Os problemas do longa começam já na introdução na qual o manjado truque do diário virtual é utilizado com muitas cores chamativas, o que já denuncia que o final feliz está garantido e que discussões mais profundas sobre os problemas da relação do mercado de trabalho com os novos profissionais formados nem passaram pela cabeça da roteirista, quanto menos da diretora que se preocupou em agregar sem sucesso ao projeto características de comédias independentes como a família disfuncional que involuntariamente provoca risos e identificação rápida na platéia, mas será que piadas a respeito de cocô de gato, sobre o atropelamento acidental do bichano ou de uma idosa planejando o próprio funeral ainda garantem risos? Pode ser, mas desde que saibam inserir o humor sutilmente no enredo. Neste caso, parece que as situações cômicas recebem uma dose extra de ênfase para avisar o espectador os momentos em que ele deveria dar risadas, no entanto, no máximo você consegue esboçar um ou sorrisinho tímido. Além de não funcionar como comédia, em termos de romance também deixa a desejar. A química entre Ryden e Adam não causa a menor combustão e o interesse da moça pelo vizinho soa como amor platônico infantil. Recém-Formada no final das contas não passa de uma colcha de retalhos de clichês, mas infelizmente uma coletânea das falhas de produtos semelhantes, talvez até potencializando o que já era ruim. De qualquer forma, não duvide que existam algumas pessoas (garotas com idade máxima de uns 20 anos) que defendam a obra. E quanto aos cenários, figurinos, trilha sonora ou parte técnica? Simplesmente mais do mesmo. Os atores mudam, mas a ladainha e a forma de apresentá-la é sempre a mesma.

Comédia romântica - 88 min - 2009 

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