domingo, 13 de agosto de 2017

O PAIZÃO

Nota 7,5 Despretensiosa e divertida, comédia já ditava o estilo de trabalho de Adam Sandler

Muitos homens fogem como o Diabo da cruz quanto a ideia de se tornarem pais. Assumir responsabilidades, ter que alterar suas rotinas e de certa forma perder a liberdade que tanto se orgulham de ter são alguns dos empecilhos de colocar um filho no mundo. E o que dizer de caras dispostos a encarar o desafio por amor a uma criança que literalmente bate à sua porta sem mais nem menos? Esse é o plot da comédia O Paizão, mais uma entre tantas comédias semelhantes no currículo de Adam Sandler, na época já um astro nos EUA, mas no Brasil um ilustre desconhecido. Na trama que o próprio assina como produtor e o roteiro em parceria com Steve Franks e Tim Herlihy, ele dá vida ao boa-vida Sonny Koufax, rapaz formado na faculdade de direito, mas que se contenta com a merreca que ganha trabalhando como cobrador em um pedágio em Nova York, ao contrário de seus amigos que exercem a profissão e ganham altos salários. Ele também sobrevive graças a uma boa indenização que recebeu por conta de um acidente de trânsito patético. Sua preocupação no momento é a todo custo provar para namorada Vanessa (Kristy Swanson) que não é nenhum inútil e assim reconquistá-la. O pé na bunda era o que ele precisava para acordar para a vida e amadurecer. No entanto, essa mudança de vida só é possível a partir do momento que conhece o pequeno Julian (papel revezado pelos gêmeos Cole e Dylan Sprouse), um garotinho de cinco anos que é abandonado com um bilhete da mãe pedindo para procurar certo homem. Sonny não é o tal cara, mas de imediato compra a ideia da adoção pensando em reconquistar a namorada, mas não esperava se afeiçoar tanto ao menino. A transição de adolescente fanfarrão para adulto responsável é feita de maneira convincente. O roteiro aborda várias situações em que ele educa o garoto como se fosse um amigo dando conselhos ao outro, claro que a maioria reprováveis, mas dentro de seu universo perfeitamente aceitáveis, até seus amigos aprovam. Somente quando é criticado por alguém de fora de seu circuito de amizades é que lhe cai a ficha dos erros que está cometendo.

Cobrir com plástico o xixi na cama ou com o jornal o leite derramado no chão, que comida boa é fast-food e que as latas amassadas no mercado são melhores porque custam metade do preço são algumas das importantes lições de Sonny. Fala sério, que criança não gostaria de ter um pai assim divertido e desencanado? Contudo, para a Justiça essa farra está com os dias contados e Julian deverá ser entregue para adoção por alguém com mais condições e juízo para criá-lo, a deixa para Sandler tentar mostrar que não sabe só fazer graça e que pode ser levado a sério como ator dramático. Ainda bem que o melodrama é raso e quando chegamos na parte do tribunal os diálogos continuam divertidos e até bizarros para a situação, mas isso é uma comédia e tudo é permitido. Em paralelo as peripécias de brincar de ser pai, o rapaz ainda vai viver um dilema amoroso, pois surge em seu caminho Layla (Joey Lauren Adams), uma bela jovem que além de não se importar com seu jeito descompromissado de levar a vida providencialmente é uma advogada. Que sorte a dele, não é? Com direção de Dennis Dugan, que já havia trabalhado com Sandler em Um Maluco no Golfe e viria a se tornar seu habitué parceiro em outras tantas comédias, O Paizão foi um extraordinário sucesso nos EUA, onde o astro já era famoso por participar do programa de TV "Saturday Night Live. No entanto, na época o ator ainda era pouco conhecido no Brasil e seus filmes tinham passagens relâmpagos pelos cinemas. Azar dos coadjuvantes de seus filmes. Aqui, além do carisma dos irmãos Sprouse, temos as divertidas contribuições de Steve Buscemi e Rob Schneider, amigões de Sandler, interpretando respectivamente um crítico sem-teto e um entregador de pizzas sem noção. Também vale destacar Kevin (Jon Stewart), amigo do protagonista que terá grande importância no desfecho, e de sua namorada Corine (Leslie Mann), garçonete de uma lanchonete que só contrata mulheres peitudas e a dona de divertidas piadas. E quanto ao final você já sabe o que esperar. Além da felicidade garantida, ainda que de forma levemente diferente, mais uma vez o cara considerado um zero à esquerda vira o jogo e mostra-se superior, a sina de nove entre dez personagens de Sandler.

Comédia - 95 min - 1999

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